O MATAMBA é um trabalho de corpo sobre o encantado em diáspora, tendo sido produzido durante a quarentena. Matamba, Amburucema, Bamburucema, inquice dos ventos, dos raios e da fertilidade, se apresenta nessa performance como a mulher afro diaspórica. Cavalo de santo que goza, que reza e que alimenta com seu trabalho. A faca que corta o coco mata o inimigo. Quem é o inimigo da mulher-inquice afro diaspórica? Corpo que nas tentativas de ser ocidentalizado pelos projetos de embranquecimento nacionais incorporou uma série de elementos que não faziam parte de sua cultura raiz para sua sobrevivência. Corpo que em essência segue sendo o cavalo de santo, segue recebendo Matamba nos manuseios de uma lâmina qualquer, nos passos da estrada de Exu, ora qualquer estrada é de Exu, mulher fogosa que tem fogo, ansiosa pelo gozo. Mulher-inquice que é corpo que sustenta outros corpos, ao descascar o coco. Mulher-inquice que é corpo que se cultua no tronco de uma árvore ancestral. Corpo em ascensão também em seus processos sexuais. Todo um turbilhão em Matamba, tudo dentro de si. Mas no mundo afora, só.
BIOGRAFIA
Ester de Oxum, iniciada no terreiro Aramefá Odé Ilê, em Teixeira de Freitas, é uma artista baiana. Ester faz uso da aquarela como técnica principal para suas obras, entendendo que a fluidez da pincelada, como afirma a artista, propõe um voo profundo sobre espiritualidade, estética, sacralidade, dentre outros aspectos de suas obras.
FICHA TÉCNICA
Autor/a/s: Ester de Oxum
Título: MATAMBA
Ano de produção: 2019/2020
Duração (se for o caso): 3m25s
Créditos:
Artista principal: Ester de Oxum
Coreografia, figurino e corpo: Ester de Oxum
Fotografia e produção audiovisual: Victor Silva
Música: “Do Tata Nzambi”, faixa do álbum Ascensão da Serena Assunção, de domínio público.